Com empregos escassos no mercado, Faculdade Santa Teresa investe em educação empreendedora para dar suporte aos Micro e pequenos empreendedores em Manaus.
Dados do Sebrae (2022) apontam que entre 2012 e 2021, o número de trabalhadores por conta própria no Brasil cresceu 26%, passando de 20,5 milhões para 25,9 milhões. Já o número de formalizações entre os Microempreendedores Individuais (MEI) passou de 2,6 milhões para 11,3 milhões, um incremento de 323%. Isso significa um crescimento mais de 12 vezes maior entre os MEI se comparado com os donos de negócios que não se formalizaram. A maioria dos MEI (78%) tem na sua atividade como empreendedor a única fonte de renda. A partir desse dado, estima-se que cerca de 6,7 milhões de MEI em atividade dependem exclusivamente do seu trabalho como empreendedores. Outro conjunto de dados relevantes são os trazidos pelo Mapa de Empresas, ferramenta disponibilizada pelo Governo Federal que fornece indicadores relativos ao quantitativo de empresas registradas no País e ao tempo médio necessário para abertura de empresas. Seus números apontam que no Brasil, no ano de 2022 foram abertas 3.838.063 empresas, o que representa uma queda de 4,8% em relação ao ano anterior, mas, neste mesmo período foram fechadas 1.695.763 empresas, aumento de 19,8% quando comparado com 2021.
Não é surpresa constatar que o ano de 2021, período auge da pandemia, acelerou a criação e abertura de novos negócios pois boa parte da abertura de novas empresas acontecem devido às necessidades financeiras e econômicas do mercado.
O que esses dados demonstram? Isso tem algum impacto na manutenção desses negócios?
Tem impacto porque conforme dados apontados pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) a principal causa motivadora da abertura de novas empresas é para ganhar a vida porque os empregos são escassos (26% apontam essa única alternativa). Esta principal causa é seguida de outras: para fazer diferença no mundo, para construir uma grande riqueza ou uma renda muito alta, para continuar uma tradição familiar. Logo, a queda na abertura de empresas e aumento no fechamento em 2022 é consequência direta de um comportamento recorrente entre empreendedores iniciais: a busca de um complemento financeiro em momentos de piora da renda e posterior abandono de suas ideias empreendedoras tão logo a situação melhora, pois a complexidade de empreender é grande e tão logo o empreendedor iniciante tem a oportunidade de empregabilidade, desiste do negócio.
Neste conjunto de dados, o estado do Amazonas aparece no ranking nacional como um dos que obteve um maior número de fechamento de empresas, conforme tabela abaixo:
E o sonho de empreender?
Em 2019, dados do Global Entrepreneurship Monitor já revelavam que no Brasil o sonho de possuir um negócio próprio é maior do que o sonho de desenvolver uma carreira profissional em uma empresa privada ou pública, indicando que a sociedade brasileira enxerga na alternativa do empreendedorismo a melhor e mais compensadora forma de atuação profissional.
Se empreender é um sonho brasileiro e os números de fechamento de empresas não são motivadores, o que fazer?
Um dos caminhos é proporcionar uma educação empreendedora. Entende-se como educação empreendedora aquela que estimula a criatividade, a autossuficiência e a iniciativa pessoal, que oferta instrução adequada em princípios econômicos de mercado e que presta atenção adequada ao empreendedorismo e à criação de novas empresas. A educação empreendedora já era uma recomendação de especialistas presente no Relatório de Monitoramento Global de Empreendedorismo desde 2019, para melhoria das condições de empreender no país, além de políticas governamentais e investimento em pesquisa e desenvolvimento.Neste contexto, emerge a necessidade de que instituições de ensino, nos mais variados níveis, possam cumprir este papel.
Ações de estímulo ao empreendedorismo realizadas em Manaus
Como exemplo local, podemos mencionar a Faculdade Santa Teresa, uma instituição de ensino superior que opera há quase cinco anos em Manaus, e possui um Núcleo de Empreendedorismo e Inovação que se configura como um desdobramento de sua Política de Desenvolvimento Econômico e Responsabilidade Social e tem o objetivo de disseminar e desenvolver a cultura do empreendedorismo e da inovação na instituição. O núcleo está subdividido em diversos eixos conforme finalidades e características descritas.
Talk Empreendedorismo e Inovação
O Talk Empreendedorismo e Inovação da Faculdade Santa Teresa é um tipo de evento em que o diálogo coletivo sobre um tema é realizado e conta com participação de profissionais de mercado e intermediação de um mediador.
Exposição de Empreendedorismo e Startups
As exposições articuladas pela instituição buscam ter a participação da comunidade acadêmica e parceiros empreendedores locais. Já tendo ocorridas duas edições, a primeira em 2019 e a última em 2022, com previsão de ter a terceira ainda no primeiro semestre de 2023. A novidade da última edição foi a presença de alunos expositores.
Parceria com Organizações de Promoção ao Empreendedorismo, Inovação, Liderança e Gestão.
Em seus anos de existência, a instituição já recebeu eventos para atender a diversas organizações parceiras, dentre elas: Associação de Empreendedores do Vieiralves, Associação de Jovens Empreendedores, Bemol Digital, Ordem dos Advogados do Brasil, Sebrae, Trocados Startup dentre muitas outras. Bem como foram realizadas vistas técnicas com foco específico em educação empreendedora à Feira do Polo Digital, Casarão de Ideias e Bemol Digital.
Atendimento à Comunidade Externa
O atendimento externo à comunidade acontece mediante ações de responsabilidade social, em data planejada em calendário, dentre estas: oficina de declaração de imposto de renda, oficina Tributos: aspectos legais e contábeis, workshop direito do consumidor, drivethru ambiental.
Educação Continuada Oferta de cursos de aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional nas modalidades de palestras, oficinas e workshops. Além disto, a educação continuada se dá também através da produção de conteúdo produzidos por professores, coordenadores e alunos de cursos de graduação que possuem qualificações e experiências práticas nos temas. Com essa iniciativa, busca-se estimular um diálogo multidisciplinar sobre o empreendedorismo na instituição de ensino.
Por fim, ainda há muito a avançar em se tratando de educação empreendedora…
Ações desta natureza tendem a trazer conhecimento e orientações sobre gestão, economia, tributos, mercado financeiro, liderança, legislação empresarial, direitos e deveres de consumidores, dentre muitos outros temas que compõem a rotina de empresários e que são de utilidade pública a todo empreendedor que pretende manter um negócio com rentabilidade e contribuição social para o país. Iniciativas assim, precisam ser ampliadas e alcançar escolas de ensino fundamental e médio, envolvendo alunos desde a primeira infância.
Por Joziane Mendes
Coordenadora de Empreendedorismo e Inovação da Faculdade Santa Teresa. Administradora. Especialista em Comunicação e Gestão de Pessoas. Mestre em Sustentabilidade.